05/06/2019 - 9h
Taxação dos EUA pode acelerar abertura do México para suínos de SC
Mexicanos poderiam trocar compras do vizinho por carnes do Brasil

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar produtos mexicanos como forma de pressão para conter a imigração ilegal pode acelerar a abertura do México aos suínos de Santa Catarina. Essa é a avaliação do secretário de Agricultura do Estado, Ricardo de Gouvêa. Na semana passada, Trump afirmou que a taxação será de 5% a partir de 10 de junho, com projeção de chegar a 25% até outubro.

 

– Se os Estados Unidos efetivamente taxarem os produtos mexicanos a tendência é de medidas recíprocas. Com isso o Brasil teria uma boa possibilidade fornecer frangos e suínos para os mexicanos. Isso pode acelerar a abertura do mercado de suínos. Os mexicanos estiveram aqui no ano passado, fizeram um relatório e agora o Ministério da Agricultura está respondendo aos questionamentos. Concluída essa etapa e sendo aprovada ai faltaria apenas a confecção do certificado sanitário para que fossem liberadas as exportações – disse Gouvêa.

 

O analista do setor de carnes do Centro de Socieconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, Alexandre Giehl, também acredita que a imposição de taxas poderá gerar uma mudança de compras dos mexicanos.

 

– O México é o segundo maior importador mundial de carne de frango e o terceiro maior importador de carne suína. Em 2017, de toda a carne suína importada pelos mexicanos 90% era oriunda dos EUA. No Frango o percentual foi de 77% dos Estados Unidos e 20% do Brasil. Mas essa participação pode aumentar, tanto pela substituição do que atualmente vem dos EUA, quando pela substituição da carne suína pela carne de frango – disse Giehl.

 

Nos primeiros quatro meses de 2019 Santa Catarina exportou 5,6 mil toneladas de frango para os mexicanos, o que representou uma queda de 51% em relação às 11 mil toneladas do mesmo período do ano passado. Em faturamento houve uma quedad e 39%, de US$ 18 milhões para US$ 11 milhões.

 

Giehl disse que essa queda foi motivada por um período em que estavam expirando as cotas de exportações brasileiras, mas que no final do ano passado foram renovadas. Inclusive houve um incremento de 55 mil toneladas em relação às 300 mil toneladas anteriores, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

 

Já o presidente da Associação Catarinense de Avicultura, José Antonio Ribas Júnior está mais cauteloso.  Ele teme que uma briga do México com os Estados Unidos possa atrapalhar as vendas brasileiras de frango.



Fonte: Darci Debona/Diário Catarinense
Impresso em: 20/04/2024 às 07:09


ACCS - Associação Catarinense de Criadores de Suínos