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Brasil caminha para cenário de estagflação, alertam economistas; entenda

Cenário mistura inflação alta e difícil de ser domada com estagnação econômica

28/09/2021 às 11h29


Os preços sobem e a vida não melhora. Essa combinação de percepções atingiu com mais força a vida do brasileiro nos últimos meses e pode ficar pior.
 
Isso porque falta pouco para o país reviver um quadro de estagflação, alertam especialistas ouvidos pelo CNN Brasil Business. Esse cenário se configura quando dois monstros da economia se juntam: inflação alta com baixo crescimento.
 
Pressionado sobretudo pelos combustíveis e pela energia elétrica, o IPCA, índice oficial de preços, já encostou nos dois dígitos em 12 meses, muito acima do teto da meta para o ano. Enquanto isso, a previsões para o avanço do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre já ficam perto de zero, depois de uma leve queda na atividade de 0,1% de abril a junho.
 
“Isso é preocupante. Se tivermos outro trimestre com PIB negativo, já entramos em uma estagflação técnica, já que a inflação está bastante alta. E tudo indica que nosso crescimento no terceiro período do ano vai ser muito baixo”, diz Matheus Peçanha, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre).
 
O desempenho da atividade dos próximos trimestres pode ser só uma mostra de um cenário mais consolidado de estagflação que está sendo desenhado para 2022, já que, para este ano, a expectativa é que a economia brasileira cresça em torno de 4% devido à baixa base de comparação. No ano passado, a queda superou 4%, devido à pandemia.
 
As menores previsões reunidas pelo Boletim Focus, do Banco Central, apontam para uma alta de 0,5% no PIB de 2022, com IPCA chegando a 5,34%. Ou seja, atividade estagnada com inflação acima do teto da meta que, para o ano que vem é de 5%.
 
Um cenário como esse penaliza sobretudo os trabalhadores mais pobres, já que o desemprego sobe em meio a uma alta acentuada no custo de vida.
 
A expressão estagflação foi disseminada em meio à crise do petróleo, que atingiu as principais economias nos anos 1970. Naquele cenário, a commodity passava por uma acentuada valorização, pressionando os preços da economia e piorando o quadro de desemprego, sobretudo nos Estados Unidos.
 
O último processo claro de estagflação que o Brasil viveu foi nos anos de 2015 e 2016. No primeiro, a economia retraiu 3,5% com um IPCA maior que 10%. No segundo, a retração foi de 3,3%, com inflação de 6,29%. Desde então, a atividade veio se recuperando de forma tímida e com dificuldade, até levar o baque da pandemia.
 
Hoje, apesar de a atividade estar patinando em meio à alta dos preços, o país ainda não pode ser enquadrado num cenário de estagflação, na opinião de Alexandre Espirito Santo, economista chefe da Órama e professor do Ibmec do Rio de Janeiro. No entanto, o quadro pode mudar em breve, caso a situação fiscal se agrave.
 
“Nossa principal âncora fiscal, o teto dos gastos, está em xeque. Não conseguimos andar com as reformas estruturantes e ainda surgem problemas de tempos em tempos, como a questão dos precatórios. Tudo isso torna o Estado cada vez mais difícil de ser administrado”, diz.
 
Anos de baixo crescimento
 
O Brasil está longe de ter uma economia aquecida já há algum tempo, o que leva Sergio Vale, economista chefe da MB Associados, a acreditar que o país já vive num processo de estagflação, considerando um período mais longo.
 
“É um pouco do que estamos passando agora. Se considerarmos o intervalo de 2020 a 2022, são três anos de inflação pressionada com crescimento muito baixo”, diz.
 
O economista considera nos cálculos para essa conclusão um crescimento acumulado de 0,8% nesse período, considerando a previsão de 0,4% no PIB de 2022, ante uma inflação acumulada de 18,2%, que considera a expectativa de IPCA em 4,7% no ano que vem.
 
Se formos mais longe e considerarmos a última década, o cenário se torna ainda mais gritante: de 2011 a 2020, o IPCA acumulou alta de 74% com crescimento médio em torno de 0,3% ao ano, calcula Espirito Santo.
 
“Esse cenário foi agravado pela recessão de 2015 e 2016 e pela pandemia”, diz.
 
Como chegamos aqui
 
Atualmente situação se complica, porque a ação do Banco Central sobre a inflação é limitada, já que não é a demanda aquecida que pressiona os preços.
 
A inflação é agravada pela crise hídrica — que aumenta muito o custo da geração de energia –, e pela alta no preço das commodities — resultado de cadeias produtivas desestruturadas e queda de oferta –, que acaba deixando o custo dos produtores mais alto e, consequentemente, afeta o valor do produto final.
 
“O BC, como tem meta de inflação, precisa elevar a taxa de juro. Mas, sem ajuste fiscal, a taxa de juro estrutural aumenta, o que implica em mais alta de juro. Em outras palavras ficamos num círculo vicioso, o que dificulta a retomada do crescimento sustentável”, diz.
 
Se de um lado a Selic mais alta reduz a quantidade de dinheiro na economia para puxar os preços para baixo, de outro, freia o ritmo da atividade, já prejudicado pelos impactos da pandemia.
 
A Selic mais alta foi um dos motivos do Itaú para revisar recentemente sua projeção para o PIB do ano que vem de 1,5% a 0,5%. O banco também revisou sua expectativa para o câmbio que, neste ano, deve chegar a R$ 5,00.
 
Tradicionalmente, o câmbio tende a valorizar com os juros mais altos — refletindo a melhora no retorno para investidores estrangeiros e a consequente entrada de dólares no país –, mas a moeda tem sofrido efeito inverso pela instabilidade política e econômica.
 
E a taxa cambial afeta diretamente os preços de toda a economia.
 
A deterioração do cenário fiscal é resultado de propostas de reformas desidratadas e com a tramitação atrasada. Nesse pacote, entra uma crise institucional alimentada pela tensão entre os Poderes.
 
“E a crise fiscal não será encaminhada antes de ser resolvida a crise institucional que vivemos”, diz Peçanha, da FGV.
 
A instabilidade macroeconômica afasta investimentos, e o mercado deixou de acreditar que as reformas estruturantes consideradas hoje pelo Legislativo e pelo Executivo solucionem esse cenário.
 
“A reforma tributária que deve avançar primeiro, que atinge o IR não é a que a gente precisa, que é a de bens e serviços. Tem coisas ali que no caminho correto, como tributação de lucro e dividendos, mas tem um caráter eleitoreiro muito claro, já que prevê queda de arrecadação no ano que vem, num momento que a gente não deveria ter isso”, diz Vale.
 
Já a reforma administrativa, que visa abrir mais espaço no Orçamento federal, foi desidratada e chega a ser insuficiente para trazer mudanças significativas no tamanho do Estado, completa. “O texto que chegou ao Congresso continua deixando o serviço público muito engessado”, diz.
 
Outro empecilho para o investimento estrangeiro, segundo Vale, é como o país vem lidando com a questão ambiental. “Esse é um desafio crescente e está sendo mal resolvido, já que o país se afasta das boas práticas de governança ambiental e social, que viraram esteio de investimento das grandes multinacionais”, diz.

Fonte: CNN Brasil



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